
Santa Catarina registra aumento de doenças respiratórias em crianças
Maio 2, 2025
Infecções pelo Vírus Sincicial Respiratório colocam em risco a saúde infantil e têm alta letalidade entre idosos, com mais de 25% de mortes em uma década
Com a chegada do outono e o clima mais seco, Santa Catarina tem enfrentado um aumento nos casos de doenças respiratórias, especialmente entre o público infantil. O avanço das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) tem mobilizado ações de prevenção em unidades de saúde da rede pública, em especial em Florianópolis e outras grandes cidades do estado.
Mas o alerta não vale apenas para as crianças. Uma pesquisa conduzida por instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a farmacêutica GSK e a empresa IQVIA revelou que o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), tradicionalmente associado à infância, tem se mostrado altamente perigoso também para os idosos.
Entre 2013 e 2023, o estudo aponta que a letalidade do VSR em pessoas com 60 anos ou mais chegou a quase 26%, ou seja, mais de um quarto dos pacientes idosos com diagnóstico da infecção acabou falecendo.
A presença de comorbidades foi um agravante decisivo: 71,5% dos idosos que morreram tinham pelo menos uma condição preexistente, como doenças cardiovasculares (64,2%), diabetes (32%) e doenças pulmonares (26,5%).
Cresce o interesse pela vacinação
Um levantamento recente realizado pela Agência Conversion, especialista em análise de dados e SEO, revelou uma alta de 140% nas pesquisas no Google pelo termo “calendário vacinal atualizado” nos últimos seis meses. Com o pico de buscas sendo registrado em março deste ano – mês em que já havia sinais de crescimento nas internações por SRAG em crianças em Santa Catarina.
O estado de Santa Catarina tem incentivado a vacinação como forma de prevenir casos graves de doenças respiratórias. A imunização é gratuita e fundamental para proteger os grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos. A população deve procurar as Secretarias Municipais de Saúde para se informar sobre os locais de aplicação e a disponibilidade das doses.
Internações e desafios no diagnóstico
Durante os dez anos analisados, 3.348 idosos foram internados em unidades de saúde com VSR. A taxa de hospitalização ou de 0,3 para 2,1, e 32,6% dos pacientes precisaram ficar na UTI, sendo que 70% deles utilizaram e respiratório.
O número parece baixo, mas Michelini explica que ele pode ser resultado da baixa quantidade de adultos que realizam o teste para identificar a infecção. Segundo ela, a testagem só começou a ser feita de forma mais intensa a partir de 2017.
Já as crianças recebem o diagnóstico mais facilmente, porque mantêm a carga viral alta e, normalmente, nos primeiros sintomas, já são levadas ao médico.
O que faz o VSR
O Vírus Sincicial Respiratório causa um processo de inflamação intensa no organismo. Por isso, aqueles que têm doenças no coração e no sistema vascular sofrem danos diretos e amplos.
A infecção diminui a capacidade de manter oxigênio no corpo e demanda mais força do sistema cardiovascular para bombear o sangue.
Segundo uma das pesquisadoras envolvidas no estudo, Lessandra Michelini, o risco de infarto aumentou três vezes para as pessoas que têm doença arterial coronariana.
Cuidados
Para evitar a infecção por VSR, é importante manter a imunidade alta, a partir de uma boa alimentação – variada e nutritiva – e da ingestão de muita água.
Além disso, para evitar a irritação do sistema respiratório, vale deixar os ambientes limpos para não haver acúmulo de pó e utilizar um umidificador de ar, principalmente nos períodos sem chuva.
Em caso de adoecimento, é importante repousar e procurar um médico logo após o aparecimento dos primeiros sintomas, como febre e dificuldade para respirar.
O VSR também pode ser evitado pela vacina. No entanto, atualmente, no Brasil, só existem duas opções regulamentadas, e ambas estão disponíveis apenas na rede privada de saúde. São elas a Arexvy, produzida pela GSK, e a Abrysvo, da Pfizer.
A Arexvy tem eficácia de 82,6% contra infecções e de 94% contra casos graves no primeiro ano. Ao longo de 31 meses, com proteção acumulada, a eficácia é de 62,9%.
Conversion News