Com avanço no campo e na cidade, Santa Catarina vira referência nacional em energia limpa

Com avanço no campo e na cidade, Santa Catarina vira referência nacional em energia limpa

Maio 16, 2025 0 Por Redação

 

 

Estado ultraa 113 mil conexões de energia solar e colhe os frutos de políticas públicas, financiamento ível e engajamento popular

 

 

No topo dos telhados de casas em ville, nas estufas agrícolas de Chapecó e até nos galpões de cooperativas em Lages, uma cena se repete com cada vez mais frequência: placas solares captando o sol para gerar energia. Santa Catarina tem se tornado uma das referências nacionais na produção e no uso de energia limpa, em especial a solar, com um crescimento consistente que envolve tanto o poder público quanto os produtores locais.

De acordo com levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), divulgado em abril de 2025, o estado superou a marca de 113 mil conexões operacionais de energia solar distribuída.

O dado foi obtido a partir do cruzamento de informações das concessionárias de energia e do sistema de micro e minigeração da agência. O número coloca Santa Catarina entre os cinco estados com maior número de unidades consumidoras com geração própria de energia no Brasil.

O movimento é impulsionado por políticas públicas, como o programa Energia Boa, parceria do governo de Santa Catarina com a Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina), que prevê R$ 3 bilhões em investimentos até 2030 em fontes renováveis. “É uma política que incentiva desde residências até o setor produtivo, com foco em tornar o estado mais competitivo e sustentável”, diz Ana Paula da Silveira, engenheira ambiental da Celesc.

Outro motor da mudança é o apoio financeiro. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) tem atuado no financiamento de projetos solares em escolas públicas, cooperativas e propriedades rurais.

Um dos exemplos é a propriedade da família de André Hassemer, em Rio do Sul, que instalou um sistema fotovoltaico em 2023 com apoio do BRDE. “A conta de luz caiu mais da metade, e agora a gente pensa até em ampliar”, conta ele, que planta hortaliças e vende para mercados locais.

A adesão no meio rural tem sido decisiva. Segundo levantamento do Instituto Cepa/SC (Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola), realizado em dezembro de 2024, com 1.500 produtores de diferentes regiões do estado, 63% deles já consideram a energia solar como prioridade de investimento até 2026.

A pesquisa envolveu entrevistas presenciais e online com agricultores da serra, do oeste e do litoral, e mostrou que a motivação principal está na economia de longo prazo e na previsibilidade de custos.

A redução de preços da tecnologia também tem feito a diferença. Uma pesquisa conduzida em fevereiro de 2025 pela startup SolarView, que monitora preços de sistemas fotovoltaicos no país, revelou que Santa Catarina possui os menores preços médios do Brasil, com custo 4% inferior ao restante do país. O estudo analisou mais de 3.000 orçamentos realizados em todo o Brasil no último trimestre.

Diante desse cenário, cresce o interesse por entender melhor a energia solar, vantagens e desvantagens, especialmente em regiões do interior e do litoral, nas quais o uso tem se intensificado. Entre os pontos positivos, estão a redução dos gastos com eletricidade, a valorização dos imóveis e o baixo impacto ambiental. Já os desafios incluem o investimento inicial e a necessidade de manutenção especializada em áreas mais afastadas.

Ainda assim, a curva de crescimento parece irreversível. Santa Catarina reúne um ambiente favorável: sol abundante, apoio público, crédito facilitado e um público disposto a investir. E enquanto outros estados ainda debatem modelos de incentivo, os catarinenses seguem, silenciosamente, puxando a fila, rumo a um futuro mais limpo e sustentável.

 

Laura Paulino